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K-Means na Auditoria Interna: Identificando Padrões e Outliers com Inteligência de Dados

1. O que é o K-Means e por que ele é importante para a Auditoria Interna

O K-Means é um dos algoritmos de machine learning mais utilizados em análise de dados. Baseado em aprendizado não supervisionado, ele permite agrupar dados semelhantes dentro de um conjunto, facilitando a identificação de padrões, tendências e exceções.

Na auditoria interna, compreender o comportamento dos dados é essencial. O K-Means pode ser utilizado para detectar outliers (valores atípicos) em transações financeiras, lançamentos contábeis, folha de pagamento e acessos de usuários — áreas críticas para a prevenção de fraudes e monitoramento contínuo de riscos.

Empresas que adotam auditoria baseada em dados e algoritmos de clusterização, como o K-Means, ganham uma visão preditiva e automatizada dos riscos, reduzindo custos e tempo de revisão manual.


2. Como o Algoritmo K-Means Funciona na Prática

O K-Means é um algoritmo de clusterização, ou seja, ele agrupa objetos com características semelhantes em “k” grupos distintos. O valor de “k” representa o número de clusters desejado, e sua definição depende da natureza dos dados analisados.

O processo começa com a seleção aleatória de k centróides, que representam o “centro” de cada grupo. Em seguida, cada ponto de dado é atribuído ao centróide mais próximo, formando grupos baseados na distância euclidiana entre eles.

Após a primeira iteração, o algoritmo recalcula as posições dos centróides e repete o processo até que as posições se estabilizem — ou seja, quando a distância média dos pontos dentro de cada grupo não muda significativamente.

O resultado final é um conjunto de grupos homogêneos internamente e heterogêneos entre si, permitindo visualizar com clareza onde há anomalias, desvios ou padrões de comportamento distintos.


3. Aplicando o K-Means em Python: da Teoria à Prática

Com o avanço da análise de dados em auditoria, o Python se tornou uma das linguagens mais poderosas e acessíveis para a implementação do K-Means. As bibliotecas pandas, scikit-learn, numpy e matplotlib permitem criar análises de clusterização robustas em poucos comandos.

Um exemplo simples de aplicação seria analisar transações financeiras extraídas do ERP (como o SAP). Após importar os dados em um DataFrame, pode-se padronizar os valores, selecionar as variáveis de interesse e aplicar o K-Means para descobrir grupos de comportamento similares entre fornecedores, clientes ou centros de custo.

from sklearn.cluster import KMeans
import pandas as pd

# Exemplo de clusterização de lançamentos contábeis
dados = pd.read_csv('lancamentos.csv')
modelo = KMeans(n_clusters=3, random_state=42)
modelo.fit(dados[['valor', 'frequencia', 'periodo']])
dados['cluster'] = modelo.labels_

O resultado pode ser visualizado em gráficos, dashboards de BI ou integrado a sistemas de auditoria contínua, permitindo a geração automática de alertas sempre que um ponto de dado cair fora do comportamento padrão.


4. Uso do K-Means para Identificação de Outliers em Auditoria Interna

Uma das aplicações mais poderosas do K-Means é a identificação automática de outliers, isto é, valores que se comportam de forma diferente do restante do grupo. Em auditoria interna, isso é extremamente útil para detectar possíveis fraudes, erros de lançamento ou violações de política corporativa.

Por exemplo, um pagamento a fornecedor fora do padrão histórico de valores, uma transação repetida em horário incomum ou um colaborador com acessos muito distintos do seu perfil habitual podem ser facilmente identificados como outliers.

Ao aplicar o K-Means, é possível comparar a distância de cada ponto em relação ao centróide do cluster. Pontos com distâncias muito maiores que a média são potenciais exceções, podendo ser priorizados para revisão detalhada.

Em ferramentas de Auditoria Contínua, como o ACL Analytics (Galvanize), o K-Means pode ser integrado a rotinas automatizadas em Python, criando robôs que monitoram grandes volumes de dados e destacam eventos suspeitos em tempo real.


Benefícios Estratégicos do K-Means na Auditoria Baseada em Dados

Além de identificar outliers, o K-Means contribui para uma auditoria preditiva, permitindo que as equipes antecipem riscos e realizem análises preventivas. Isso fortalece a governança corporativa e promove uma cultura orientada a dados.

Com a automatização dos testes, os auditores ganham eficiência operacional, ampliam a cobertura e reduzem a dependência de amostragens manuais. Em vez de auditar 5% da base, é possível analisar 100% das transações com algoritmos inteligentes.

O uso de machine learning, data analytics e ferramentas como Power BI e Python traz ainda novas formas de visualização e storytelling, tornando o parecer de auditoria mais visual, dinâmico e compreensível para a alta administração.


Integração com Ferramentas de Auditoria e RPA

O K-Means pode ser facilmente integrado a scripts automatizados de Auditoria Contínua ou a rotinas de RPA (Robotic Process Automation), otimizando o plano de auditoria e permitindo execuções recorrentes.

Por exemplo, um robô pode rodar diariamente um script de K-Means sobre as transações financeiras, cruzando com logs de acesso do Active Directory, alertando a equipe de auditoria sobre eventos não usuais ou de alto risco.

Essa integração cria um ecossistema de auditoria inteligente, onde a tecnologia não substitui o auditor, mas amplia seu alcance e capacidade de julgamento.


O Futuro da Auditoria Interna com K-Means e Data Science

À medida que as empresas avançam na Transformação Digital, o domínio de ferramentas como K-Means e Python torna-se diferencial competitivo para o auditor moderno.

O profissional de auditoria que compreende algoritmos de aprendizado de máquina pode traduzir volumes massivos de dados em insights acionáveis, apoiando decisões estratégicas e elevando o papel da auditoria na governança corporativa.

A sinergia entre Auditoria Interna, Data Analytics e Inteligência Artificial não é mais tendência — é realidade. Incorporar o K-Means é um passo fundamental para fortalecer a cultura de dados e inovação na gestão de riscos corporativos.


Conclusão

O K-Means é muito mais do que uma técnica estatística — é uma ferramenta estratégica de inteligência analítica aplicada à auditoria interna.

Sua capacidade de identificar padrões e outliers, quando aliada ao Python e às rotinas automatizadas, transforma o modo como as organizações monitoram riscos, previnem fraudes e avaliam controles.

Ao adotar o K-Means, os auditores se posicionam na fronteira entre tecnologia e governança, tornando-se protagonistas da auditoria do futuro — contínua, automatizada e orientada a dados.


Palavras-chave:

  • Auditoria Contínua
  • Machine Learning na Auditoria
  • K-Means Python
  • Identificação de Outliers
  • Análise de Dados na Governança
  • Prevenção de Fraudes com Data Analytics
  • Auditoria Interna e RPA
  • Auditoria Baseada em Riscos
  • Clusterização de Dados
  • Ferramentas de Auditoria Automatizada

Publicado no LinkedIn: (10) K-Means na Auditoria Interna: Identificando Padrões e Outliers com Inteligência de Dados | LinkedIn

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ACL Analytics Auditoria

ACL Analytics: Como Criar Um Script Padrão

ACL Analytics é uma ferramenta de auditoria muito conhecida para os profissionais de Auditoria Contínua. Trata-se de um software para a auditoria de dados. O ACL permite a análise atualizada e eficiente das informações da estrutura de uma gestão e a automatização de processos.

Todo trainee de BIG4 faz algum tipo de treinamento sobre essa ferramenta ou outra semelhante para compilar grande quantidade de dados. Dependendo das atividades diárias, deixamos de utilizá-la, acabamos esquecendo e perdendo um poderoso aliado de análise.

Mas, o ACL é grande aliado na auditoria de base de dados de todos os processos: fiscal, contábil, TI. Ele é especialmente útil em dados estruturados como relatórios extraídos do SAP ou SQL Server.

Atualmente o ACL é fornecido pela Galvanize e faz parte de uma plataforma maior de Governança Corporativa chamada Highbond.

Principais Comandos do ACL Analytics

Abaixo listei os comandos essenciais para criar um script básico no ACL Analytics:

  • COMMENT;
  • SET;
  • IMPORT;
  • OPEN;
  • DEFINE;
  • EXTRACT;
  • SUMMARIZE;
  • EXPORT;

Comando COMMENT

O COMMENT cria comentários no script. São trechos que serão ignorados durante a execução. Utilize para explicar o que está sendo feito e com qual objetivo.

Eles permitem que outras pessoas estejam habilitadas a entender, executar e alterar os seus scripts.

 COMMENT
** Criado por: Daniel Oyama
** Data: 04/12/2019
** Script: Script Padrão
** Objetivo: Testar o controle XYZ
**

Comando SET

O comando SET define parâmetros globais da ferramenta como: formato numérico, padrão de datas, ligar e desligar a geração de logs.

É interessante começar todo script com os seguintes comandos:

SET SAFETY OFF
SET FOLDER /RESULTADOS

O primeiro comando desliga a “segurança” do ACL. Durante a execução ele não irá confirmar se o as arquivos podem ser excluídos, ou sobrescritos. Isso evita que o script pare no meio e fique aguardando alguém responder a pergunta “Este arquivo já existe. Deseja realmente sobrescrever o arquivo?”

O segundo comando, SET FOLDER, cria uma pasta chamada RESULTADOS, e guarda as tabelas geradas dentro desta pasta. Isto é util para organizar o projeto, principalmente quando você tem muitos scripts e muitas tabelas que não podem ser apagadas.

Comando IMPORT

O Comando IMPORT traz as informações externas para dentro do ACL. Ele faz uma cópia dos dados originais para a pasta do projeto ACL. A tabela importada é salva com a extensão “.fil”.

 IMPORT ... NomeDaTabela 

Considerando o arquivo de exemplo TabelaProdutos.csv, com as seguintes linhas:

codigo;produto;categoria;preço
1;"Produto A";"Categoria 1";10,00
2;"Produto B";"Categoria 1";10,00
3;"Produto C";"Categoria 1";10,00
4;"Produto D";"Categoria 2";15,00
5;"Produto E";"Categoria 2";15,00
6;"Produto F";"Categoria 3";18,00
7;"Produto G";"Categoria 3";18,00
8;"Produto H";"Categoria 4";20,00

Após a importação no ACL, o comando ficaria assim:

IMPORT DELIMITED TO TabelaProdutos "TabelaProdutos.fil" FROM "C:\ACL_EXEMPLO\TabelaProdutos.csv" 0 SEPARATOR ";" QUALIFIER '"' CONSECUTIVE STARTLINE 1 KEEPTITLE FIELD "codigo" N AT 1 DEC 0 WID 1 PIC "" AS "" FIELD "produto" C AT 2 DEC 0 WID 9 PIC "" AS "" FIELD "categoria" C AT 11 DEC 0 WID 11 PIC "" AS "" FIELD "preço" N AT 22 DEC 2 WID 5 PIC "" AS "" 

Comando OPEN

O comando OPEN é o início de tudo. Só é possível executar um comando, se antes você abrir uma tabela pré existente (já importada).

 OPEN NomeDaTabela 

Comando DEFINE

O comando DEFINE é utilizado para definir parâmetros no layout da tabela. É possível criar um campo calculado – uma nova coluna baseada nos dados originais. O campo calculado utiliza fórmulas semelhantes ao Excel para tratar o dado original, e transformá-lo, facilitando a análise do auditor.

DEFINE FIELD CC_Campo_Calculado_1 COMPUTED

ALLTRIM(NomeDaColuna)

Comando EXTRACT

O EXTRACT serve para criar uma nova tabela. Depois de filtrar algo, você pode separar esse grupo menor em uma nova tabela, para análise posterior.

OPEN NomeDaTabela

EXTRACT RECORD TO TabelaFiltrada IF CC_Campo_Calculado_1 <> "" OPEN

OPEN TabelaFiltrada

Comando SUMMARIZE

O SUMMARIZE é usado para agrupar linhas por categorias. Tem um efeito semelhante ao GROUP BY se você está familiarizado com a linguagem SQL.

OPEN TabelaFiltrada

SUMMARIZE ON CC_Campo_Calculado_1 TO TabelaSumarizada OPEN PRESORT

Comando EXPORT

O comando EXPORT leva os dados para fora do ACL. Use por exemplo para gerar uma planilha Excel com os resultados do teste.

EXPORT FIELDS ALL XLSX TO PlanilhaResultado WORKSHEET Planilha

Criando um Script Padrão do ACL Analytics

Sugestão de script padrão:

COMMENT
** Criado por: Daniel Oyama
** Data: 04/12/2019
** Script: Script Padrão
** Objetivo: Testar o controle XYZ
**

SET SAFETY OFF
SET FOLDER /RESULTADOS

IMPORT ... NomeDaTabela

OPEN NomeDaTabela

DEFINE FIELD CC_Campo_Calculado_1 COMPUTED ALLTRIM(NomeDaColuna)

EXTRACT RECORD TO TabelaFiltrada IF CC_Campo_Calculado_1 <> "" OPEN

OPEN TabelaFiltrada
SUMMARIZE ON CC_Campo_Calculado_1 TO TabelaSumarizada OPEN PRESORT

OPEN TabelaSumarizada
EXPORT FIELDS ALL XLSX TO PlanilhaResultado WORKSHEET Planilha

Altere os trechos em negrito conforme a sua necessidade.

Dicas

É importante seguir uma padronização ao criar scripts, como em qualquer linguagem de programação:

  • Procure usar identação para facilitar a leitura;
  • Use letras maiúsculas e minúsculas como forma de organização do código: OPEN (upper case), open (lower case), TabelaProdutos (camel case);
  • Crie comentários para relembrar o objetivo de cada trecho;
  • Separe os scripts por assunto, ou por etapa;
  • Use variáveis para coisas que se repetem e podem ser alteradas no futuro;

Scripts ACL agendados no windows podem ser utilizados para a auditoria contínua de riscos e controles. Basta que o script seja estruturado em sequência lógica e padronizada.

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